segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O blogue virou site!

E aqui chega ao fim, depois de nove meses, a história deste blogue. Mas não a do Caçador da Noite! Convido todos os leitores e amigos a prestigiarem meu novíssimo site:


A linha será a mesma seguida neste blogue, só que com mais conteúdo e novos recursos. Inclui, por exemplo, uma seção de downloads, com material raro e fora de catálogo, que logo estará em funcionamento.
Todo o material daqui será migrado para lá. Muita coisa já foi e, o que falta, em pouco tempo também o será. Este blogue continuará online como mero registro histórico, mas não vou mais postar nada por aqui.
Além do novo site, tenho outros planos em mente. Alguns bem ambiciosos. Vejamos o que acontece. Ao seu tempo comentarei sobre eles no meu novo sítio eletrônico.

HORNS UP!



segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Festival Objeto de la Obscuridad - resenha dos shows I

Detalhe da simpática ambientação de palco
Disse que não ia, mas fui.
Embora já tivesse comprado a passagem para o dia do Brazilian Ritual, resolvi, de última hora, mudar meus planos e antecipar a viagem para São Paulo, de modo a poder assistir aos shows do Objeto de la Obscuridad. Afinal, seria a primeira vez que as ótimas bandas chilenas Force of Darkness, Hades Archer e Wrathprayer tocariam no Brasil.
Assim como eu, parte do pessoal que foi para ver Blasphemy, Revenge e companhia limitada, cuja apresentação ocorreria no dia seguinte em São Bernardo, também compareceu à Fofinho, na sexta-feira, para presenciar a performance dos chilenos. A casa não ficou lotada, mas deu um público razoável. No meio dele era possível ouvir muitos falando em espanhol. Gente que vinha da Bolívia, Peru, do México e, claro, do próprio Chile somava-se a brasileiros de todos os cantos do país para prestigiar o evento. Os caras do Blasphemy e do Revenge também deram o ar de sua graça. Até o maníaco do Impurath, baixista e vocalista do americano Black Witchery, banda que sequer tinha apresentação agendada no Brasil, apareceu por lá.
O metal market do evento, em especial, estava muito legal, com stands de pequenos selos e distribuidores de várias partes da América do Sul. Além de ter comprado muita coisa interessante, fiquei sabendo, por intermédio do cara da Veins Full of Wrath Productions, que certas demos de culto chilenas do fim dos oitenta e início dos noventa – demos que, até agora, não haviam sido alvo de relançamento – acabaram de ser reeditadas no Chile, caso do maravilhoso Darkness (infelizmente, ninguém as levou para vender no evento), ou estão em vias de ser, caso do lendário Bloody Cross. Quase bangueei de alegria. Trata-se de material absolutamente obrigatório para os aficionados pelo metal sudamericano da velha escola!
Bom, vamos aos shows.
Infelizmente não assisti à primeira banda brasileira a tocar, o Fecifectum, de São Paulo, pois estava concentrado em vasculhar o metal market. Já a segunda, o também paulistano Tenebrous Infernal Abyss, muito embora esteja na ativa desde 2004, era novidade para mim.
Tenebrous Infernal Abyss em ação no festival
A banda detona um ótimo black/death metal em que os elementos black se sobressaem sobre os death. O power trio mandou ver no palco e conquistou a plateia, inclusive a mim, com um show competente. Destaques para o vocal gutural e para as marcantes linhas de baixo, que dão o tom mais death no som da banda. Fiquei particularmente impressionado com essa sonoridade pesada e gordurosa do baixo, a fugir daquela timbragem mais aguda e muito em cima das guitarras que é praticamente lugar comum no black metal de linhagem noventista. Muito boa banda, que já conta, em sua ainda curta discografia, com duas demos e dois splits.

Festival Objeto de la Obscuridad - resenha dos shows II

Hades Archer: chilean satanic black/death kult!
Em seguida entrou em cena a primeira banda chilena, o Hades Archer. O som dos caras é bem original, transitando entre o thrash extremo, o death e, principalmente, o black metal. Na verdade, é um pouco artificial dizer que eles “transitam” por esses estilos, já que o som da banda é rigorosamente old school e oitentista, ou seja, bebe numa tradição em que essas distinções ou não fazem muito sentido ou são pouco esclarecedoras. Com efeito, não se cuida, aqui, daquele estridente black noventista na linha Dark Throne, mas de um black da velha guarda, no qual se agrega algo do velho Samael e daquelas antigas bandas clássicas da Grécia, nas partes lentas, Bathory dos primeiros discos e, mais do que tudo, Mortuary Drape, grupo do qual, inclusive, eles registraram uma boa cover (Primordial) no seu último full lenght. Várias músicas dos seus dois plays, For the Diabolical Ages (2011) e o excelente The Curse over Mankind (2012), constaram do set, com destaque para a lenta e climática Into the Black Mass, faixa do primeiro lp. Menção especial merece o vocalista, que tem ótima imposição vocal para o tipo de som que o Hades Archer leva. Um show muito bom que foi um pouco prejudicado, entretanto, pelo fato de a banda ter-se apresentado com apenas dois integrantes, sem baixista. Ainda assim, o duo conseguiu mostrar o poderio inquestionável de sua música.

Wrathprayer detonando o melhor show da noite
O Warthprayer, de Roncagua, foi a banda seguinte e, para mim, fez o melhor show da noite. Essa foi a segunda vez que tive a oportunidade de vê-lo, já que tinha assistido à sua apresentação no festival da NWN!, em Berlim, no fim do ano passado. Naquela ocasião ainda não conhecia o som da banda. Dessa vez foi diferente e pude avaliar melhor o show. O patamar de profissionalismo que, em pouco tempo, o Wrathprayer conseguiu atingir é de espantar. Fica mesmo difícil encontrar pontos negativos na performance dos caras. Agora como quarteto, o paredão sonoro que a banda constrói em estúdio fica ainda mais esmagador. Trata-se de um som soturno, pesado ao extremo, sufocante e incrivelmente mórbido. Como já havia notado quando fiz a resenha do seu disco de estreia e, até agora, seu único lp, The Sun of Moloch (2012), o americano Demoncy, da época do clássico Joined in Darkness, parece ser a referência mais próxima dos chilenos, embora esteja longe de servir-lhes como modelo. Música muito bem composta e executada com extrema fidelidade foi o que todos os presentes puderam testemunhar. Sem exagero, afirmo desde já que o Wrathprayer faz parte da elite do atual black/death metal mundial. Forte indicio desse sucesso foi sua presença, repita-se, no importante festival da NWN! e sua anunciada participação no próximo Maryland Deathfest, atualmente o melhor e mais prestigiado deathfest dos EUA. Realmente uma banda de nível superior.

Festival Objeto de la Obscuridad - resenha dos shows III

Force of Darkness fecha o evento, que já deixou saudade!
Para fechar o evento, subiu ao palco o conhecido Force of Darkness. Banda mais antiga, entre as chilenas, e a mais thrash da noite, o power trio mostrou para um público altamente receptivo suas músicas rápidas, calcadas em Mutilator, Sarcófago, Sodom e Kreator antigos, nas quais se destaca a riferama furiosa movida a incessantes palhetadas. De se ressaltar o desempenho do carismático baixista/vocalista (também responsável pelas guitarras/vocais no Hades Archer), que usa e abusa daqueles saudosos agudos diabólicos usados por Tom Araya no Show No Mercy e pelo nosso Wagner Antichrist no primeiro do Sarcófago. Embora o Force of Darkness seja, das três chilenas, a formação de que eu menos goste, sem dúvida fez o show que mais agitou a galera. A banda já conta com um par de full lenghts e outro de splits, além de duas demos antigas, e goza de imenso prestigio no underground metálico de seu país – até por isso, foi a escolhida para encerrar a noite. Mais um show profissional, que demonstra o momento maravilhoso pelo qual passa a cena de metal extremo chilena. Sem dúvida, hoje, a número um da América do Sul.
Que venham outros eventos relevantes como esse, pois o intercâmbio entre as bandas e os fãs de nossa maldita e gigantesca Sudamerica não pode gerar nada mais do que ótimos frutos para toda a cena.
PS. A nota negativa ficou por conta do furto do case contendo o baixo do cara do Force of Darkness. É difícil acreditar que alguém possa entrar livremente no backstage para roubar os músicos e que ninguém veja nada. Tipo de coisa que não dá mais para admitir, mesmo em se cuidando de um evento totalmente underground.

domingo, 3 de novembro de 2013

Entrevista com Ritual Butcherer (ARCHGOAT) - 1a parte

O mundo do jornalismo profissional é mesmo complicado. A entrevista abaixo, feita por mim com o guitarrista Ritual Butcherer, integrante do fantástico grupo finlandês Archgoat, momentos antes de a banda entrar no palco do festival Brazilian Ritual - Second Attack, estava programada para ser publicada na versão impressa da Roadie Crew. No entanto, a pauta caiu e termino, agora, por publicá-la aqui mesmo no blogue. Logo abaixo, disponibilizo a versão integral, tal qual a enviei para publicação na referida revista. Confiram!




ARCHGOAT
Pense numa época em que bandas hoje arquetípicas como Emperor, Dark Throne, Burzum, Immortal, Satyricion ou Mayhem, seja porque ainda não existiam, seja porque tocavam outros estilos, pouco ou nada significavam para o black metal. Depois da explosão do metal negro norueguês na primeira metade dos anos noventa, fica até difícil imaginar. Porém, na virada dos oitenta para os noventa, as bandas mais representativas do black metal não se encontravam na Noruega, mas em lugares como o nosso Brasil, o Canadá e a Finlândia. O Archgoat era uma delas. Formado na gelada Finlândia, nos idos de 1989, pelos irmãos Angelslayer (baixo/vocal) e Ritual Butcherer (guitarra), a banda construiu sua fama como um dos mais selvagens exemplares do metal satânico mundial. Desde sua primeira demo, “Jesus Spawn”, gravada em 1991, passando pelo seu mini lp de 1993, o clássico “Angelcunt”, até o lançamento de seus dois full lenghts e de seu último ep, já nos anos 2000, o Archgoat vem mostrando o lado mais cáustico, rude e extremo do black metal, não se furtando a incorporar influências de outros estilos musicais igualmente cavernosos como o death metal old school e o velho grindcore. Pela primeira vez no Brasil, com vistas a participar do festival “Brazilian Ritual – Second Attack”, a banda nos concedeu essa curta, porém esclarecedora, entrevista, na qual temas envolvendo a antiga cena black metal finlandesa foram também abordados. Deixo vocês com o fã declarado de Sarcófago, Ritual Butcherer, responsável pelo machado de seis cordas da banda.



1) O Archgoat é uma banda icônica do cenário black metal finlandês do início dos noventa. Como era fazer parte daquela cena, ao lado de Black Crucifixion, Impaled Nazarene, Beherit, Belial?


RITUAL BUTCHERER – “Para mim não era nada de especial. Eu cresci no sul da Finlândia e essas bandas são do norte do país. Nós tínhamos bandas na nossa área, bandas de death metal, black metal e grindcore. Mas a cena (black metal) surgiu depois.”



2) O quanto há de verdade na suposta disputa que teria ocorrido, naquela época, entre as bandas de black metal da Finlândia e as bandas de black metal da Noruega? O quão sério foi essa disputa?


RITUAL BUTCHERER – “Tudo começou com um telefonema feito por alguém bêbado no meio da noite. Algum garoto norueguês ou finlandês telefonou para o outro e esse simples telefonema gerou todo esse tolo disse-que-me-disse de um falando mal do outro. Acho que envolveu os caras do Burzum ou talvez do Emperor (da parte da Noruega) e o Impaled Nazarene (da parte da Finlândia). É bobagem. Estupidez. Coisa de criança. Nunca tomamos parte nisso.”


3) O Archgoat esteve inativo por cerca de dez anos. Ao que se deveu essa parada? O que você pretendia expressar com sua música no início dos noventa é, em algum sentido, diferente do que pretende expressar hoje?


RITUAL BUTCHERER – “A razão pela qual nós acabamos com o Archgoat foi porque a cena de black metal noventista tinha se tornado comercial. Bandas estavam mudando seu estilo de música para o black metal apenas para vender mais discos. (A cena) não era mais verdadeira, na minha opinião. Não queríamos ter nada a ver com esse tipo de cena comercial. Para nós, black metal é real, vem do coração. Nós temos tocado o mesmo estilo. Nosso estilo. De repente, você tinha bandas de death metal e de grindcore virando black metal da noite para o dia apenas para vender discos. Nós não queríamos tocar nesse tipo de cena. Quando voltamos nada mudou para nós. Fazemos a mesma coisa do começo. As razões (para tocar) são as mesmas.”

Entrevista com Ritual Butcherer (ARCHGOAT) - final

4) Como você vê a evolução da banda desde a primeira demo, “Jesus Spawn”, gravada em 1991, até o último ep, “Heavenly Vulva”, gravado em 2011?

RITUAL BUTCHERER – “Não vejo grandes diferenças. Quando começamos a banda, nós já sabíamos o tipo de som que queríamos. Nossa música sofreu pouquíssimas mudanças. Por exemplo, eu sempre uso o mesmo equipamento para gravar. Agora nós temos músicas (inteiramente) lentas. Nosso novo baterista (Sinisterror) é mais rápido do que o antigo. Isso nos dá a possibilidade de fazer um som mais rápido também.”


5) A volta da banda foi marcada pelo lançamento em vinil de um ep de três faixas, com material gravado em 1993. Há ainda mais algum material inédito da banda daquela época ou mesmo de outra? Se houver, vocês pretendem lançá-lo?

RITUAL BUTCHERER – “Daquela época (1993) nós até tínhamos mais algumas músicas, mas não iremos lançá-las. Eu tinha (as gravações), mas as perdi. Já era. Temos algumas (músicas inéditas) da gravação do ‘Whore of Bethlehem’. Vamos incluí-las no relançamento, em vinil e cd, do álbum, mais para o final do ano. Esse relançamento terá coisas especiais.”


6) Li em uma entrevista antiga que você é fã de grindcore old school. É uma influência importante para o som do Archgoat?

RITUAL BUTCHERER – “Eu adoro grindcore antigo. Carcass é a minha banda favorita. Se você escutar o ‘Reek of Putrefaction’ (primeiro lp do Carcass) e escutar o ‘Angelcunt’ (primeiro mini lp do Archgoat), verá que nós temos alguns elementos do Carcass, do antigo Carcass.”


7) Vocês tocaram recentemente na Tailândia. Antes, tocaram nos EUA. Agora vão tocar no Brasil. Como é para a banda tocar pela primeira vez nesses lugares? Você vê alguma diferença importante entre os públicos desses países?

RITUAL BUTCHERER – “É sempre interessante ir para esses lugares. A Tailândia foi especial. Mas o Brasil é realmente meu lugar favorito. Veja, o Sarcófago tem sido uma das minhas maiores influências. Eles influenciaram o meu jeito de compor música. Agora, vinte e quatro anos depois, nós estamos aqui, dando isso de volta ao Brasil. Esse tipo de versão do Sarcófago como nós a tocamos. Então, vir aqui para o Brasil é fantástico para nós. Os Estados Unidos são um lugar legal para se tocar, mas a cena deles não é como a daqui ou a da Tailândia. Esses são realmente lugares especiais.”


8) Então, provavelmente, você é um grande fã de toda aquela cena deathcore antiga de Belo Horizonte...

RITUAL BUTCHERER – “Sim. Eu coleciono as bandas. Tenho muitos daqueles discos antigos da Cogumelo, tipo Sepultura – realmente amo o ‘Morbid Visions’ – Sarcófago, Sex Trash, Vulcano.”


9) O Archgoat e o Black Witchery tocaram ano passado juntos na Noruega e, um pouco antes, na Finlândia. Parece que as bandas têm uma ligação forte, certo?

RITUAL BUTCHERER – “A galera do Black Witchery é nossa irmã. Antes de conhecermos os caras nós já adorávamos a música deles e eles, a nossa. Quando nos conhecemos pessoalmente (uma ligação foi criada). Nós estamos felizes de tocar com eles. Para sempre. É um ótimo pessoal.”


Ritual Butcherer e Caçador da Noite

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Objeto de la Obscuridad festival - SP 08/11/13

No próximo dia oito de novembro, os paulistanos terão o privilégio de assistirem a três das mais importantes bandas da incrível cena black/death chilena: Wrathprayer (debut vinil recentemente lançado pela cult NWN!, dos EUA), Hades Archer e Force of Darkness. Se tivesse sabido antes desses shows, teria antecipado minha ida a SP, para onde viajo nesse dia dez com vistas a cobrir a terceira edição do Brazilian Ritual.
Quem curte metal extremo não pode deixar de comparecer!



PS: As bandas brasileiras eu não conheço. A conferir.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Desolator "Unearthly Monument"

Já andava de olho nesse sueco Desolator desde o lançamento, em 2011, do seu primeiro registro em cd, o excelente split com a banda grega Resurgency, editado pelo selo Hellthrasher Productions, da Polônia. Agora, neste ano de 2013, seu debut full lenght, intitulado Unearthly Monument, vem a lume, novamente pelas mãos daquela boa gravadora polonesa.
Assim como no split, o Desolator detona um ortodoxo old school death metal, muito bem composto e executado, no qual dá para ouvir toques - toques, não chupações descaradas - de formações icônicas da velha guarda do metal da morte, tipo Cancer, Obituary, Death, Massacre, Malevolent Creation, Bolt Thrower (fase Warmaster em diante) e Incubus (dos irmãos Howard). Vale dizer, velocidade não é uma obsessão para o Desolator, embora ela também esteja presente, mas o peso - o que há de partes cadenciadas feitas sob medida para bater cabeça aqui é um negócio realmente sério. Os andamentos são de meio-tempo ou um pouco mais acelerados, raramente havendo blast beats. Aliás, isso não é surpresa alguma, uma vez que a onipresença de blast beats é característica marcante das bandas de death noventistas, não das que têm raízes mais oitentistas, como é a onda do Desolator.
Meus destaques vão para os ótimos riffs, que se alternam entre rápidos e lentos com extrema eficiência, a bateria simples mas criativa, que nunca soa "inventiva" demais, e as bem sacadas transições. Meu amigo, as transições merecem uma palavra em especial. Com efeito, elas soam tão naturais que passam ao ouvinte aquela impressão (obviamente irreal) de que seriam as únicas soluções possíveis para a música. Esse caráter "redondo" das composições mostra o profissionalismo dos caras. Só mesmo muito ensaio e contínuo trabalho em cima das músicas permite chegar a esse nível de excelência. 
Todas as músicas do play são muito boas. Durante a audição, elas se sucedem com tamanha facilidade que fica até difícil apontar uma em particular. Mas vou de Bludgeoned, Beaten and Berated, dotada de uma cadência que praticamente te faz bater a cabeça sem nem dar-se conta, Feeding Frenzy, com sua harmonia de swedeath e seus pesados riffs à Death (antigo), e da empolgante Desolated, na qual as influências de deaththrash oitentista falam mais alto, na forma de riffs na linha do sensacional, mas hoje infelizmente pouco lembrado e reconhecido, Incubus (dos irmãos Howard).
Só para dizer que não tenho nada além de elogios, a produção, para o meu gosto, poderia ser um pouco mais suja e oitentista, como foi no split. Os vocais bem guturais também não têm nada demais, mas casam bem, reconheça-se, com o som da banda. Contudo, nada disso realmente é capaz de comprometer o som dos suecos.  
Música altamente madura, de quem não está interessado em pagar de o mais radical do underground, mas em fazer um death metal de altíssima qualidade.


O pessoal do Desolator no figurino clássico do death de início dos 90


O ótimo split cd com o Resurgency, da Grécia

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Nihil Domination "Sado Perverser Goat Insulter"

Com a recente proliferação de bandas de war black metal, multiplicaram-se, igualmente, os seus subestilos. Uma das variações do gênero que está se consolidando de forma mais contundente hoje em dia é o que se poderia denominar de "proto war black metal". Isto é, bandas atuais que vão buscar nas remotas raízes oitentistas do estilo as influências para o seu som. Vale dizer, os sempre imitados Blasphemy e Beherit são deixados um pouco de lado, assim como todos os anos noventa, em favor de Sarcófago, Hellhammer, Sodom (dos dois primeiros vinis) e Bathory (do The Return). Em suma, death/black metal realmente das antigas. A América do Sul é particularmente pródiga em bandas nessa linha. Aliás, por mais que tenhamos ótimas bandas de metal em diversos estilos, deve-se reconhecer que fazer um som cru, sujo, direto, maldito, demoníaco e casca-grossa sempre foi nossa especialidade.
O Nihil Domination, fundado em 2003 em Guaiaquil, no Equador, faz jus à velha tradição sul-americana. Até aqui, a história da banda havia se resumido a duas demos, lançadas nos anos de 2005 e 2007. Nenhuma das duas, diga-se de passagem, havia impressionado muito. Jehovah's Desecration, a primeira delas, até tinha suas virtudes, embora sofresse com uma produção realmente muito ruim. Nela, a banda se mostrava num meio caminho entre o death metal old school (fortemente influenciado por Deicide, de quem, inclusive, registraram um cover) e um war black agressivamente primitivo.
Nesse seu debut cd (de curta duração), gravado em 2010 e lançado pelo selo Deathrash Armageddon, do Japão, o Nihil Domination está diferente. E para melhor. Com efeito, a banda soa mais madura e com uma proposta musical mais consistente. O que se ouve aqui é um war black bem ortodoxo e muito legal, realmente bem superior ao que fora registrado em suas demos. De fato, embora não trilhem exclusivamente o caminho dos anos oitenta, os equatorianos não se furtam de beber, orgulhosamente, na fonte do velho deathcore satânico sul-americano. É verdade que o Nihil Domination é um pouco menos retrô do que outras formações contemporâneas de nosso continente, como o Anal Vomit e o Goat Penis (do Peru) e o Infernal Curse (da Argentina), já que seu som também agrega doses de war black noventista. Mas nada que o deixe com a cara moderna. Longe disso! Até porque a produção desse obsceno Sado Perverser Goat Insulter é totalmente podre e abafada, bem como se fazia na América do Sul, especialmente em Belo Horizonte, na década de oitenta.
Deveras, o que se ouve nesse primeiro full lenght dos equatorianos (também lançado em vinil pela NWN! e em tape pela Black Goat Terrorist 666) é um som tirado lá do fundo do baú. Sarcófago, do I.N.R.I., é a principal referência: da bateria metralhada, passando pelos riffs angulosos e chegando até o vocal cheio de efeitos e variações. Um pouco de Black Witchery (nas cordas) e outro tanto de Blasphemy (os solos lembram muito o velho Caller of the Storms) também é fácil de se notar no som dos caras. Em muitos momentos, uma empolgante levada punk de bateria, à Impaled Nazarene do clássico Tol Cormpt Norz Norz Norz..., aparece para dar um molho especial ao som. Ouça-se, por exemplo, a simpática Raped Jesus Christ, em que uma batida inquestionavelmente crust serve de apoio para uma enxurrada de riffs sarcofágicos vomitada de forma inclemente pela guitarra. Verdadeiramente demolidor! Outra faixa marcante é a singela Nuclear Explosion in the Vagina of the Virgin Mary (Abortion), dotada de insanos vocais reminiscentes de Wagner Antichrist (Sarcófago) e abissais fraseados death metal que lembram muito o tipo de rifferama usado por bandas como o americano Black Witchery. Para fechar o play há um rude cover de Christ's Death, do Sarcófago, tocado em versão quase noise.
Um disco com sonoridade antiga, marcadamente sul-americano, absolutamente esporrento, cru e ofensivo, especialmente indicado àqueles que curtem, como eu, o lado mais primitivo do war black metal.


O guitarrista e vocalista Blasphemous?
Lembra-me o Angelripper nas fotos promocionais do primeiro ep do Sodom

O encapetado e macarrônico logo do Nihil Domination

PS. O guitarrista/vocalista Blasphemous (aka Guillermo Garcez Lecaro) é o proprietário da cult demo label Black Goat Terrorist 666. Recomendo fortemente os títulos desse selo, que é especializado em obscuridades na linha war black e black/death metal, já tendo lançado, inclusive, vários outros tapes e split tapes mais recentes do próprio Nihil Domination.

sábado, 12 de outubro de 2013

Sarcófago - relançamentos em vinil

Há algumas bandas (não muitas) das quais eu não me canso de comprar reedições em vinil. Uma delas é o Sarcófago. A importância da trupe de Wagner "Antichrist" Lamounier para o underground dispensa demonstração. É auto-evidente. No black/death metal oitentista, só o Blasphemy (e, em certo sentido, o Bathory) seja talvez capaz de fazer-lhe frente. Finalmente, na onda dos relançamentos em vinil, chegou a vez de os iconoclastas mineiros ganharem novas edições de seus álbuns clássicos naquele velho e consagrado formato.
É bem verdade que a primeira reedição do I.N.R.I. (debut do Sarcófago) em bolachona - nesse caso, em picture disc - já conta com alguns anos. Lançada em versões limitadas standard e die-hard, essa primeira reedição, datada de 2004, foi resultado de parceria entre a Cogumelo e a cult gravadora americana Nuclear War Now!. A versão die-hard já está esgotada há muito. Já a versão standard, ainda é possível comprá-la (ou pelo menos era, até pouco tempo) na própria Cogumelo.
Recentemente, neste ano de 2013, a Greyhaze Records, empresa que hoje licencia os produtos da Cogumelo nos EUA, colocou no mercado uma nova edição do I.N.R.I. São duas as versões, ambas gatefolded. Uma, em vinil colorido laranja ou negro, reproduz a capa original do lp. Outra, em vinil azul ou negro, reproduz a capa da primeira edição em cd do disco, lançada no ano de 2002 (foto com definição bem melhor do que a original, registre-se). Saquem só:


Reedição com a capa original do lp de 1987

Reedição com a capa do cd de 1992

Coube à histórica gravadora francesa Osmose disponibilizar os outros dois títulos clássicos do Sarcófago: o mini lp Rotting, de 1989, e o lp The Laws of Scourge, de 1991. O Rotting conta com opções de vinil na cor verde escuro, vermelho splatter e no tradicional black wax. Já o The Laws conta com opções na cor vermelho splatter e black wax.

SARCOFAGO Rotting. Splatter Red Vinyl
Reedição do Rotting (vinil vermelho splatter),
com sua infame capa "a morte não poupa ninguém..."

SARCOFAGO The Laws of the Scourge. Red Vinyl
The Laws of Scourge , reedição em vinil vermelho -
o disco que fecha a fase clássica do Sarcófago

Além desses títulos, outro importante relançamento em vinil da Osmose, que também diz respeito ao Sarcófago, é a compilação Warfare Noise I. Originalmente editada pela Cogumelo no ano de 1986, a compilação apresentava ao mundo, pela primeira vez em vinil, além da gangue de W. Antichrist, DD Crazy e cia, o Holocausto, o Mutilator e o Chakal. Bandas que viriam a lançar seus hoje clássicos lps de estreia nos anos imediatamente seguintes. Esse caprichado relançamento duplo da Osmose - dotado de um encarte muito bacana e de várias bônus tiradas, aparentemente, da compilação The Lost Tapes of Cogumelo - conta com três opções de cores: branco, laranja e o tradicional negro. Confiram a versão com os vinis na cor laranja:

SARCOFAGO, CHAKAL, HOLOCAUSTO, MUTILATOR Warfare Noise Volume I. Orange Vinyls
Warfare Noise I - a mais importante compilação de metal brasileiro da história

Todos esses vinis estão disponíveis para venda e envio imediato nos sites da Greyhaze e da Osmose. Uma dica: quem não quiser comprar por site estrangeiro, a Cogumelo e a Battle Distro têm cópias para venda e pronta entrega. Foi, aliás, com a Battle que comprei meu vinil do I.N.R.I. na cor azul. Trata-se, sem dúvida, de itens de aquisição compulsória para os colecionadores de black/death metal da velha escola.


PS. Na Metal Archives consta que a primeira reedição do I.N.R.I. teria sido feita pelo selo brasileiro Hate Storm em 2001, já com a capa que seria usada posteriormente na edição em cd de 2002. Nunca vi esse vinil da Hate Storm. Se alguém conhece ou tem uma cópia, por favor, me confirme a existência.
PS 2. No site da Cogumelo anuncia-se para breve o relançamento, em vinil, dos álbuns clássicos do Sarcófago, ao que parece, em versões nacionais. Não sei se terão algo a ver com esses relançamentos da Greyhaze e da Osmose. É esperar para ver.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Bleak House "Suspended Animation"


Dizem que durante a New Wave of British Heavy Metal mais de mil bandas do estilo surgiram no Reino Unido. Poucas duraram mais de um par de anos. Uma fração ainda menor conseguiu chegar ao vinil. O Bleak House logrou as duas coisas. Ainda assim, não escapou de ser enterrado nas areias do tempo, sendo conhecido, até agora, apenas por meia-dúzia de devotados historiadores do metal britânico. Segundo reza a história, a banda inglesa foi formada na primeira metade dos anos setenta e, ao longo dos anos, atendeu por diversos nomes, antes de firmar aquele sob o qual registrou um single (em 1980), um ep (em 1982) e um show ao vivo (também em 1980). Todo esse material está reunido nesta interessante compilação editada pela cult gravadora californiana Buried by Time and Dust - nome muito apropriado, aliás.
Apesar de ter sido formado já no começo dos setenta, o Bleak House mostra uma sonoridade totalmente N.W.O.B.H.M. dos primórdios. Vale dizer, aquele metal '79, tipo Diamond Head/Saxon, que muitas bandas britânicas seguiam antes do estouro definitivo do Iron Maiden em 81. O instrumental é quase sempre simples, mas muito eficiente, com as músicas sendo amarradas por boas linhas vocais melódicas a cargo de Graham Shaw. É bem verdade que, no material ao vivo, o vocal não ficou muito legal, soando demasiadamente à frente dos instrumentos. Embora Shaw tenha uma voz bacana e marcante, a falta de retoque na produção deixou evidente sua técnica limitada e algumas desafinadas dolorosas surgem no correr das músicas. Sem embargo, no material de estúdio o problema foi corrigido. Além das ótimas melodias, outro ponto forte da banda é o trabalho de baixo desenvolvido por Gez Turner, que soa incrivelmente pesado. De fato, chama a atenção não só suas linhas de baixo, por vezes destacadas da guitarra, mas a incrível distorção que ele consegue tirar das quatro cordas, principalmente ao vivo. Essa particular sonoridade ajuda a imprimir uma densidade mamutesca ao som da banda.
No single de 1980, Rainbow Warrior, o Bleak House, embora decididamente metal, ainda revela vínculo mais estreito com o hard setentista. Vide, por exemplo, a maciça utilização de vozes dobradas. A produção do disco também segue a linha setentista, sendo bem "vazada" e "aberta". Meu destaque vai para a sabbathesca Isandhlwana, com seu instrumental caprichado e suas mudanças de tempo bacanas. Já no ep de 1982, Lions in Winter, a banda assume sonoridade mais oitentista e marcial. Ouça-se, por exemplo, a rápida Down to Zero, movida a marteladas certeiras do batera Roy Reed.
A parte ao vivo, gravada num show realizado após o lançamento do primeiro single, conta com doze músicas. Muitas delas permaneceram sem debutar em vinil. Daí o interesse maior do material. O som do Bleak House soava bem encorpado ao vivo, o que pode ser comprovado pela épica faixa To the Gods, construída por meio de bases avassaladoras de puro e legítimo metal pesado, cortesia da guitarra carnívora de Bob Bonshor.
Embora não seja do mesmo nível de Holocaust, Cloven Hoof, Diamond Head, Saxon, Blitzkrieg, Aragorn, Chateaux, Tygers of Pan Tang, o Bleak House não é banda para ser desprezada e merece constar da coleção de todo entusiasta da maravilhosa e seminal N.W.O.B.H.M.


Contra-capa da coletânea

Selo do single original de 1980 - total item de colecionador!

PS. A High Roller Records (ainda vou fazer um post especial sobre os lançamentos dessa fabulosa gravadora alemã) lançou também uma versão dupla em vinil do Bleak House parecida com a versão em cd da Buried by Time and Dust, mas com três músicas ao vivo a mais: duas já conhecidas e uma inédita.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Disgorge (MEX) "Gorelics"

Estou longe de ser fã incondicional de brutal death metal. Durante muito tempo ignorei o Disgorge mexicano exatamente porque o considerava (erradamente) uma banda arquetípica do estilo. Recentemente, aproveitando uma promoção da gravadora Nuclear War Now!, resolvi arriscar e comprar uma compilação de material antigo da banda, cobrindo o período anterior, e imediatamente posterior, ao seu primeiro full lenght (sou aficionado por colecionar material de demos). A compilação é fruto de parceria entre a conhecida Obliteration Records, do Japão, e a Embrace my Funeral, do México. O cd me custou três dólares e meio. Assim, se fosse ruim, não perderia muito dinheiro. Oh, boy...acho que foi a melhor compra na relação custo-benefício que já fiz na vida.
O que temos neste Gorelics é a reunião das duas demos lançadas pelo Disgorge (em 95 e em 96), mais dois ensaios antigos (de 94 e de 95), uma promo gravada logo depois do primeiro full lenght (em 98), além do split ep com o Squash Bowels, da Polônia (também de 98). Todo o material é absolutamente foda. Trata-se de um death metal predominantemente old school, pútrido a não mais poder, pesado ao ponto da indecência e mais sujo do que uma vara de mil porcos chafurdando em esgoto contaminado.
É bem verdade que as músicas constantes dos registros da segunda metade da década de noventa apresentam traços inequívocos de brutal death metal. Ainda assim, o material é de primeira. A principal virtude do Disgorge é que a banda não deixa de lado os riffs mórbidos e chumbados no peso mesmo quando toca death metal moderno - o que, infelizmente, não se pode dizer de muitas bandas do estilo, que facilmente abandonam o velho e consagrado power-chord em favor de bases que mais parecem brochantes exercícios de escala. Com efeito, sejam old school ou modernos, os riffs executados pelos mexicanos exalam competência e criatividade. Ouça-se, por exemplo, a faixa Scid, constante da promo de 98, na qual as influências antigas e modernas se misturam para dar gênese a um death metal absolutamente avassalador. Se todo brutal death metal soasse assim, eu seria fã do estilo.
O ponto alto, contudo, é mesmo o material gravado em 94 e 95. Refiro-me à primeira demo, de 95, e aos dois ensaios, um também de 95 e outro de 94. Neles, o death metal da velha escola se apresenta em sua forma  mais pura. O som, conquanto esteja longe de ser uma cópia, segue mais a linha da escola americana, com um pé na Flórida (Monstrosity do Imperial Doom) e outro na costa leste (Incantation antigo e Cannibal Corpse do Butchered at Birth). Sem embargo, uma miríade de outras influências pode ser notada: aqui uma pitada de death austríaco clássico, tipo Pungent Stench/Miasma; ali de death sueco antigo à la Grave do Into the Grave; acolá de Carcass do Reek of Putrefaction. Embora todas as músicas sejam ótimas, meu destaque vai para a apavorante Monument to my Remains, som tirado do ensaio de 94, que é, simplesmente, uma das coisas mais maravilhosamente imundas que já ouvi sob a rubrica do death metal - notem a forte influência do death sueco de raiz e de Pungent Stench nessa faixa em particular. Com toda a sinceridade, esse ensaio de 94, com suas meras duas faixas, entrou direto na minha lista de melhores demos de death metal de todos os tempos!
Não fosse o bastante, ainda há que se mencionar com destaque a primeira demo oficial da banda, Through the Innards, gravada em 95. Embora não seja tão assassina quanto os ensaios, seu poder de fogo é inegável. Confira-se, a título de ilustração, a faixa Grotesque Devourment, na qual a alta categoria do Disgorge para compor riffs matadores fica mais uma vez comprovada.
Para fechar com maestria a coletânea, constam duas covers, muito legais, gravadas em 2001: uma do clássico Regurgitate, da Suécia, e outra dos velhos guerreiros do underground mexicano, o Anarchus. A sonoridade aqui nada tem de death metal, seja old school ou moderno, é totalmente splatter tradicional.
Certamente uma das compilação de demos mais relevantes já lançadas no mercado.
Obrigatória!


A capinha profissional da primeira demo

Foto da antiga formação em power trio

domingo, 15 de setembro de 2013

Carcass e Bolt Thrower - relançamentos em vinil

A famosa gravadora inglesa de death metal/grindcore Earache dá sequência à sua maravilhosa série de relançamentos em vinil "Full Dynamic Range".
A bola da vez é o demolidor e absolutamente avant garde full lenght de estreia do Carcass, Reek of Putrefaction, originalmente lançado em 1988, e o terceiro lp do Bolt Thrower, Warmaster, de 1991. As edições são de babar. Trata-se de versões gatefolded (pra ser inteiramente honesto, não consegui sacar se a do Carcass é gatefolded; só vou descobrir quando as minhas cópias - purple e green - chegarem) com vinis em varias opções de cores, além do tradicional black wax. Confiram só a qualidade da bagaça:







Vale lembrar que outros títulos das bandas já foram disponibilizados na mesma série, como Necroticism: Descanting the Insalubrious e Heartwork, ambos do Carcass, e Realm of Chaos e The IVth Crusade, esses dois do Bolt Thrower. As versões em vinil colorido desses últimos plays já estão esgotadas no site da Earache, sendo possível comprar os lps apenas no tradicional vinil preto.

Cannibal Corpse - picture vinis relançados

A velha Metal Blade, da Califórnia, também não fica para trás. Em comemoração aos vinte e cinco anos de carreira da lenda do gore death metal americano Cannibal Corpse, o selo recentemente editou em versão picture todos os full lenghts da banda. Eles ficaram bem legais (mas senti falta de uma capa convencional de papelão por cima), saquem só dois exemplos:


Butchered at Birth - frente do picture

Butchered at Birth - verso do picture


The Wretched Spawn - frente do picture

The Wretched Spawn - verso do picture

Também é de se ter em conta o relançamento em vinil (não picture) desses mesmos discos do Cannibal Corpse realizado há pouco tempo pelo selo inglês Back on Black. Para quem não conhece, a Back on Black (como o nome já entrega) é especializada em reeditar em vinil discos antigos pertencentes a catálogos de diferentes gravadoras clássicas do universo heavy metal. Vale muito a pena dar uma conferida em seu site.

Amorphis - "Privilege of Evil", relançamento em vinil

Já a americana Relapse coloca no mercado mais dois títulos importantes em vinil. Um deles é a obra suprema do death metal finlandês, o ep Privilege of Evil, do Amorphis, gravado em maio de 1991, mas somente lançado dois anos depois. O outro título é o segundo full dos finlandeses, Tales from the Thousand Lakes, originalmente lançado em 1994. Embora eu não goste do som do Amorphis no Tales (já haviam, desgraçadamente, abandonado o death metal clássico), reconheço que ambas as versões da Relapse ficaram do cacete:


Privilege of Evil - o clássico dos clássicos do death metal finlandês

Tales from the Thousand Lakes

O Privilege of Evil, como é de praxe nesses relançamentos, conta com várias opões de cores. Selecionei essa aí de cima, que me parece a mais legal e foi a que comprei. O Tales já está esgotado para venda no site da Relapse. Para quem gosta de death metal puro, perder essa edição do Tales nem é assim tão dramático. Agora, perder a do Privilege, aí é para chorar. Na minha humilde opinião, o ep Privilege of Evil, juntamente com o material do Abhorrence (para quem não sabe, essa era a banda dos caras antes de formarem o Amorphis), é o que de mais foda há no death metal clássico finlandês. Companheiros colecionadores, corram! Antes que seja tarde...

domingo, 8 de setembro de 2013

Nidhoggr "Ravens over the Road of Kings"

O black norueguês talvez seja o estilo mais inorgânico da história do metal. Concebido de forma deliberada, no início dos anos noventa, como uma reação estilística e ideológica ao multiculturalismo inclusivista do death metal, o estilo surgiu como um experimento realizado sob condições de laboratório a partir da fórmula patenteada pelo sueco Bathory na década anterior. Como é de sabença geral, o líder do Mayhem, Oystein Aarseth (vulgo Euronymous), foi seu principal artífice, ao estabelecer, cuidadosamente, os aspectos estruturais que iriam tornar, nos anos vindouros, o estilo inconfundível: blast beats quase sempre contínuos, high pitched riffs, palhetadas em trêmolo, vocais agudos rasgados, gravação tosca e estridente (nesse quesito específico, a contribuição de Dark Throne e de Burzum, reconheça-se, foi até mais importante do que a do Mayhem), visual blasfemo carregado de tachas e pregos, corpse paint, letras satânicas e assombradas por um passado mítico e remoto.
O sucesso da empreitada foi tão avassalador que rapidamente se operou no underground mundial um reducionismo: tocar black metal passou a ser entendido, quase unanimemente, como tocar black metal ao estilo norueguês. De fato, um dos mais importantes e duradouros legados dos noruegueses foi ter traçado, de modo claro e preciso, uma distinção entre death e black metal, que, até então, vinham mais ou menos misturados como prática musical (ainda que, conceitualmente, pudessem ser discernidos). Basta ver a importância que o metal da morte tinha no som de bandas de black metal extremo anteriores à explosão norueguesa, como Sarcófago, Blasphemy, Profanatica, Beherit ou Impaled Nazarene.
Talvez pela proximidade geográfica (e cultural), a cena finlandesa rapidamente mergulhou nas influências do norsk black metal. Sem embargo, como é da tradição dos finlandeses (o mesmo se passou, anteriormente, com o death metal vindo da Suécia), essas influências foram matizadas para gerar um black metal moderno mas com cara finlandesa. Um black metal embebido em certa obscuridade especial, uma rudeza tristonha difícil de definir, que é partilhada por muitas bandas vindas daquele canto gelado do mundo.
Foi nesse contexto que nasceu o Nidhoggr, projeto pessoal do compositor/guitarrista/baixista/vocalista/faz-quase-tudo Nadrach the Grim. Neste cd temos a única demo da banda, "Ravens over the Road of Kings", que consiste em apenas duas faixas e uma introdução gravadas em 1994. Trata-se de um black metal ríspido, ultradistorcido, emocionalmente carregado de negatividade, dramático, nostálgico e contemplativo, dotado daquelas típicas melodias tristes e desesperançadas do black nórdico. As maiores referências da banda parecem ser o Burzum e o Forgotten Woods antigos, mas o Nidhoggr investe mais fundo nos climas depressivos do que as duas bandas norueguesas mencionadas. Estruturalmente, sua música varia de uma levada toda cadenciada para um andamento misto, constituído por blast beats e passagens mais lentas, de modo a servir de base, no segundo caso, para a alternância de riffs frenéticos, cheios de trêmolos (com aquelas variações sutis que só ouvidos escolados conseguem captar), com riffs também intensos mas menos rápidos. Os competentes vocais vão na linha do que há de mais tradicional, revelando grande afinidade com Burzum. Ouçam a faixa "Thou Shalt Burn at our Stakes" e confiram.
Embora não seja muito original - até porque, nos idos de 1994, o só fato de tocar black metal norueguês já era, por si, algo novo -, o som do Nidhoggr é plenamente representativo do que de melhor se fez sob essa rubrica nos primórdios do estilo. Black metal transcendental, depressivo, anti-individualista, emocional, nostálgico, purista, trágico e contemplativo. Assim como todo bom black metal da escola norueguesa tem de ser. Assim como todo bom herdeiro da tradição romântica alemã - e o black norueguês o é - deve ser.
O suicídio de Nadrach (e não é esse mesmo o fim de todo herói romântico?) encerrou prematuramente a saga deste excelente Nidhoggr, mas fica aqui o registro de sua demo, felizmente resgatada do oblívio.
Tomando a liberdade de soar pernóstico: é música para dissolver o "eu psicológico" (liberal-burguês) no todo metafísico do "um não-dualista".


A capinha original da demo

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Antichrist Hooligans (Hammer of Damnation)





Uma coisa fundamental que descobri depois de muitos anos comprando discos foi que existem atalhos para o colecionador encontrar bandas legais. Mais especificamente, atalhos que podem encurtar o caminho na busca por um som de qualidade, de modo a evitar que o aficionado por música venha a perder tempo e dinheiro em demasia com porcarias rematadas ou bandas simplesmente descartáveis.
Um desses atalhos – um dos mais promissores – é conseguir identificar selos que sejam confiáveis. Selos que não lancem discos em escala industrial, visando a faturar pela quantidade e não pela qualidade de suas bandas. Selos que mantenham um padrão estético de qualidade. Não raro um padrão estético comprometido com algum estilo específico do metal. Em suma, é a velha história: selos que não sejam puramente comerciais. A verdade é que quando a gravadora é de respeito, seus lançamentos tendem a manter um nível mínimo de excelência. Enfim, você até poderá vir a não gostar, evidentemente, de determinado disco, de determinada banda, de um selo desses, mas dificilmente dirá que se trata de música de baixa qualidade.
A gravadora e distribuidora Hammer of Damnation, em minha opinião, inclui-se nesse seleto grupo de selos brasileiros respeitáveis.
Fundada em meados dos anos noventa pelo guitarrista e vocalista da banda de black metal paulista Evil, o Luiz Carlos de Oliveira (aka Warlord), a Hammer of Damnation sempre se destacou por dedicar-se ao patrocínio de grupos obscuros e radicais, inclusive em matéria lírica, pinçados, majoritariamente, do underground extremo nacional. Embora o black metal seja o foco principal do selo, a gravadora também cobre outras vertentes do metal, como o death metal old school e até o black thrash metal oitentista. Seu catálogo on-line oferece muitos títulos interessantes (vários deles a preços convidativos) e está repleto de bandas menos conhecidas, embora relevantes, do cenário black metal europeu, marcadamente as que colhem influências do folk e do viking metal.
Vale ressaltar que a Hammer of Damnation acabou de celebrar um acordo com a polêmica gravadora alemã Darker than Black, por meio do qual passará a atuar como sua filial oficial no Brasil.
A seguir vou destacar alguns bons lançamentos recentes do selo, assim como alguns mais antigos que, acho, merecem a atenção dos aficionados por metal extremo. Todas as bandas aqui mencionadas são brasileiras.

Antichrist Hooligans
"We Will Piss on your Grave"
Quem aí se lembra do velho Necrobutcher? Seu ex-vocalista, o Cristiano “Kranium” dos Passos, depois de anos sumido, volta a atacar (ao lado de outras figuras carimbadas do underground extremo de Santa Catarina), agora como batera desse ótimo Antichrist Hooligans. Diferentemente do Necrobutcher, o som do A. H. nada tem a ver com death ou noisecore. O que temos aqui, em seu disco de estreia, é um black thrash metal fiel ao som germânico dos anos oitenta – “nuklear metal punk nekro thrash metal”, segundo definição da banda –, que soa como um rebento bastardo de Destruction e Kreator dos primeiros lps com uma queda pelo punk. Ouça-se, por exemplo, os agudos do vocalista (que é puro Schmier) ou os riffs despejados pelas guitarras, uma mistura de “Endless Pain” com aqueles fraseados angulosos do “Infernal Overkill”. A bateria também segue a linha teutônica old school, revelando uma sonoridade mais seca e menos thrash que aproxima o som da banda do speed metal, assim como também acontecia nos primeiros plays dos grupos alemães que lhe servem de modelo. Entre as doze faixas que compõem o disco, destaco a ótima "Black Masses in Paradise", dotada de riffs empolgantes e uma parte cadenciada, ali pelo meio da música, capaz de arrancar a cabeça do ouvinte. Sem dúvida a melhor banda de retrothrash do Brasil.

Ritualmurder e Luvart (Hammer of Damnation)

Ritualmurder
"Ritual of Heavenly Murder"
Trilhando o caminho do mais tétrico black metal vem esse lúgubre Ritualmurder. Em seu disco de estreia, a banda apresenta um som realmente sombrio, dramático e verdadeiramente assustador, em que se destacam os vocais soturnos, em algo reminiscente do Attila Csihar no seu primeiro trabalho com o Mayhem, e a excelente rifferama cheia de trêmolos, na linha do black norueguês de raiz.
A banda de Euronymous, no “De Mysteriies Dom Sathanas”, é a principal referência, aos meus ouvidos, do Ritualmurder, inclusive na produção adotada no disco. Note-se, por exemplo, a timbragem aguda e cortante da seção de cordas. Citações a Sarcófago do “INRI” também surgem aqui e ali, notadamente em certos riffs de guitarra. De seu turno, a bateria acelerada, dominada por blast beats, não dá descanso ao ouvinte, com exceção da longa introdução semideclamada e da faixa “Funeral”, esta última totalmente arrastada ao estilo do antigo Samael.
A melhor música, a meu ver, é a que fecha o disco, intitulada “Ritualmurder”. Trata-se de um arregaço dirigido por trêmolos high pitched palhetados à velocidade da luz, na melhor tradição norueguesa. O clima tenebroso que envolve essa faixa em particular, feito à base de backing vocals fantasmagóricos, é verdadeiramente de arrepiar. Um disco especialmente recomendado a quem já perdeu as esperanças na redenção da humanidade. NOTA: Como não consegui um link com a música "Ritualmurder", vai aí um para a faixa "Nightmare", disponível para audição no próprio site da Hammer of Damnation.

Luvart
"Necromantical Invocation"
Ainda dentro do black metal, mas com uma abordagem bem diferente, é o Luvart. A banda não é nova. Formada em Juiz de Fora/MG na primeira metade da década de noventa, somente agora, depois de longo período de inatividade, pôde gravar seu primeiro full lenght. A espera, contudo, valeu a pena. Seu debut (comprometido até o osso - digo, a alma - com o ideário satânico-ocultista) é composto por dez faixas de músicas ritualísticas, mamutescamente pesadas e cadenciadas, nas quais as escovadas de guitarra são exploradas até o limite da exaustão.
A analogia mais óbvia da música do Luvart, ainda que não seja exata (os caras são, de fato, bem originais), é com o Samael do inigualável “Worship Him”, assim como, num grau menor, com o Celtic Frost da obra-prima “To Mega Therion”. Sem embargo, doses de death metal do início dos noventa – vide, por exemplo, os vocais guturais utilizados por Luggal Merodach – também se incorporam à identidade musical da banda, dando um gosto todo especial ao som. A esse propósito, ouça-se a marcante “Return of the Legion”, no curso da qual surge uma fodida passagem death/doom na linha do que fazia o ícone do death metal alemão Morgoth em seus áureos tempos.
A produção deixou o disco com uma sonoridade mais seca e moderna (felizmente, não excessivamente moderna), sendo possível ouvir-se com clareza os instrumentos, inclusive os bumbos, que soam agudos e bem na cara. Música feita por gente que conhece do riscado: original sem ser excessivamente avant garde e tradicional sem ser demasiadamente retrógrada. NOTA: Mesma história do Ritualmurder (como os discos foram recentemente lançados, ainda não há links na net para todas as músicas); forneço o que está disponível para "The Ancient Ritual".

Evil e Hammergoat (Hammer of Damnation)

Evil
"Pure Black Evil"
Uma das melhores e mais antigas bandas de black metal em atividade no Brasil, o paulista Evil conta com extensa lista de demos e de lançamentos em ep. Nesta compilação estão reunidos diversos sete polegadas e splits, alguns anteriormente disponíveis apenas em vinil, gravados pela banda entre os anos de 1996 e 2008. A produção, como não poderia deixar de ser, varia muito entre as músicas. Uma coisa, contudo, mantém-se constante: é invariavelmente tosca – como, aliás, exige o estilo.
O black metal da banda evoluiu pouco ao longo dos anos, mantendo-se sempre bem radical, numa linha tênue que oscila entre a fase black metal raiz do Behemoth, da Polônia, os primeiros plays do Burzum e as clássicas bandas francesas das Légions Noires, notadamente Mütiilation e Vlad Tepes. O destaque vai para os marcantes vocais desesperados de Warlord e os competentes, hipnóticos e ultradistorcidos riffs de guitarra, que conseguem o feito de soarem melódicos sem caírem na pieguice, mais ou menos no espírito dos velhos discos da banda de Varg Vikernes. A bateria, em regra, é bem discreta, limitando-se a marcar, ainda que com eficiência, o tempo da música, sem peraltices ou blast beats excessivos.
Aquele clima “nostálgico”, típico do bom black metal europeu noventista, domina a maioria das faixas e torna a audição emocional e fortemente contemplativa. Salvo um momento ou outro, não é música feita para headbanging. Ao ouvinte atento, pequenas mudanças na execução das bases, que se repetem exaustivamente ao longo de cada música, revelam aquele biscoito fino que muitas vezes separa as bandas superiores das medianas. Um par de músicas mais “rockers”, ao estilo Bathory do primeiro lp, destoa um pouco da aura obscura do resto do material. Nada, porém, que deponha seriamente contra a qualidade desta compilação, que ainda conta com um cover da lenda black metal alemã Moonblood.
Um bom exemplo da “mal gravada”, eficiente e emotiva música do Evil pode ser encontrado em "A Southern War from the Winters March", faixa tirada do split de 1996 com o Aryan Blood, da Alemanha. Relevante compilação de uma das bandas mais representativas do metal negro underground feito no Brasil. NOTA: O link fornecido acima possibilita a audição de alguns poucos segundos de todas as músicas constantes da compilação.

Hammergoat
"Regeneration through Depopulation..."
Projeto do pessoal do Evil, e bem diferente desse, o Hammergoat detona, em seu ep de estreia, um war black metal vil, niilista e fanaticamente antimelódico, ancorado em Blasphemy, Beherit e desgraceiras similares, mas sem soar como uma cópia barata. Momentos de full speed contrastam, graças à irrupção de transições súbitas, com passagens marciais tributárias da banda de Caller of the Storms, Black Winds e cia. Uma centelha infernal, inflamada pelo Archgoat, da Finlândia, também fagulha na música do Hammergoat, na forma de cadências sinuosas que conferem uma atmosfera de asfixia hipnótica ao seu som. Ouça a faixa "Misanthropy: the Future" e diga se não é para sair chutando todo mundo com o coturno durante o show. Para fechar o play, há um cover de “Black Vomit”, do Sarcófago, tocado com a fúria que a música exige. Banda fortemente recomendada a quem curte o lado mais visceral do black metal.

Dethroned Christ e Ravendark's Monarchal Canticle (Hammer of Damnation)

Dethroned Christ
"Roots of Ancient Evil"
O Dethroned Christ, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, não é outro projeto dos integrantes do Evil, mas a banda que os caras tinham antes de formá-lo. Depois de mais de uma década dormitando, o grupo foi reanimado para a gravação de seu debut – um par de demos e um split era tudo o que havia sido registrado até então. Todo o material aqui apresentado é inédito. Não houve regravações de músicas antigas. O que ouvimos neste play é uma mistura bem tradicional de death, black, thrash e até um pouquinho de heavy clássico, à qual não se nega a adição de doses razoáveis de melodia. Em certas faixas, as marcas de Bathory do primeiro disco, do onipresente Sarcófago do “INRI”, de Venom do “Black Metal” e de Destruction antigo são claras, mas nada muito exagerado. O black norueguês noventista também tem seu espaço. Um momento mais épico igualmente aflora, de leve, hora ou outra, ajudando a conferir uma cara bem diversificada à banda. Enfim, o Dethroned Christ, neste seu primeiro full lenght, executa um hibridismo musical assumidamente old school, agrupando influências variadas em seu repertório. O destaque vai para a faixa de abertura do disco, convenientemente intitulada "The Return", em que a catadupa de influências da banda se mostra costurada com sucesso.

Ravendark's Monarchal Canticle
"Sob a Bandeira do Ódio e da Arrogância"
Também na estrada que leva à mistura desbragada de influências vem esse Ravendark’s Monarchal Canticle. Black, thrash e death metal oitentistas são a base do som da banda, que vomita sobre os ouvintes seus hinos militaristas (bradados em português) de ódio contra a humanidade. Entre muitas outras referências, a música do R.M.C. lembra o velho e inesquecível Holocausto – obviamente, sem a mesma qualidade – da época do “Campo de Extermínio”, principalmente no vocal. Confira a faixa "Komando Brasileiro" e comprove. Um chauvinismo nacionalista muito comum nas bandas de war metal (não confundir com war black metal) impregna grande parte das letras dos caras. A produção, infelizmente, é pobre e deixou as músicas com menos peso do que seria adequado. Alguns riffs meio derivativos (e até ingênuos) igualmente atrapalham a completa apreciação da obra. A bem da verdade, o play tem mais defeitos do que virtudes, mas há algo no som da banda que decididamente atrai minha simpatia. Embora o disco tenha seu valor, ainda não foi dessa vez que o R.M.C. marcou seu gol.