domingo, 3 de março de 2013

O ambiente (parte 2)

O festival foi sold out, mas a casa não ficou abarrotada. O pessoal lá se preocupa com conforto e segurança. Dentro era possível ouvir gente falando um monte de línguas: inglês, alemão, francês, japonês, italiano, russo, espanhol, romeno (foneticamente perece italiano), norueguês e sei lá mais o quê. Não ouvi ninguém mais falando português, embora tenha visto uma bandeira do Brasil ser agitada na fila do gargarejo, durante o show do Rotting Christ. Outra coisa que me chamou a atenção e dá uma pista do radicalismo underground do festival: não havia uma única pessoa com camisa do Iron Maiden. Nada contra o Maiden, mas a banda é absolutamente mainstream, ao menos no cenário metal. Vi gente com camisas e patches de jaquetas de bandas como Necrovore, Deiphago, Autopsy, Black Witchery, Morbosidad, Venom, Beherit (aos montes), Blasphemy (também aos montes), Conqueror, Archgoat, Revenge, Necros Christos e de brazucas como Sarcófago, Mutilator, Vulcano, Holocausto, Mystifier e até do obscuro colombiano Reencarnación, cult black thrash de fim dos oitenta. Pelo menos metade do pessoal tinha jaquetas cobertas com esses patches. Algumas deviam contar mais de cinqüenta nomes de bandas! Durante todo o festival dava para encontrar integrantes das bandas andando em volta das barraquinhas, como o Caller of the Storms e o Black Winds, ambos do Blasphemy (anedota: minha esposa encontrou o baixista do japonês Anatomia na seção de roupas infantis num shopping popular vizinho ao festival e, mesmo não sendo fã de metal, tirou uma foto com ele: os caras são radicais na música, mas poucos fazem aquela pose cansativa de from hell). Embora boa parte do público fosse formada por uma galera visivelmente mais antiga – aí pelos trinta e tantos (como eu), quarenta e poucos anos – apareceu também uma garotada bem nova. Sinal de que o metal ainda é um estilo que tem algo a dizer para a juventude de hoje. Felizmente!


Calibrando para o show

Nenhum comentário:

Postar um comentário