sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Asaradel (Hammer of Damnation)

Asaradel
Compilação de demos
Em sentido diametralmente oposto ao Dethroned Christ e ao Ravendark’s Monarchal Canticle, os mineiros do Asaradel invocam das negruras abismais do Hades o black metal mais puro, ortodoxo e hermético que se possa conceber. Esta compilação apresenta a demografia completa da fase metal dos caras, composta de três registros: “...of Satanas”, de 1991, “Avernus”, de 1992, e “Perpetuating the Law”, gravada no ano seguinte.
O som do Asaradel é de uma originalidade inquestionável. Dolorosamente cadenciado, a ponto de o doom mais arrastado parecer-lhe veloz, é carregado de acordes viajantes de guitarra que mais se assemelham a lamentos distorcidos reverberando infinitamente pelos intestinos tortuosos de uma caverna fria e úmida. Essa atmosfera singularmente obscura é em parte obtida com a utilização massiva de efeitos como o delay, tanto na guitarra, que abusa dos dedilhados macabros e dissonantes, como nos vocais, rasgados e encapetados. Música contemplativa feita para desencarnar do corpo. Ouça com cuidado a faixa título da demo de estreia e tente discordar. Já na demo de 92, consta um cover para a ótima “Doom of the Necroslaughter”, tema do clássico grupo holandês de black/doom Necroschizma (que só gravou demos em sua marcante e curta existência). Não por acaso, o Necroschizma é o parente musical mais próximo dos mineiros, embora cada um tenha sua própria e inconfundível identidade.
As duas primeiras demos do Asaradel são absolutamente sagradas, sendo que “...of Satanas”, na minha opinião, é um dos melhores e mais importantes registros de black metal do underground brasileiro. Uma pena que o conjunto haja mudado o direcionamento musical de forma radical, depois de ter gravado o terceiro tape, aderindo à moda de então, o bisonho e constrangedor gothic pop metal. Fico pensando como teria sido um full lenght genuinamente black metal da banda.

A Hammer of Damnation conta, ainda, com outros lançamentos relevantes, como o split cd do Evil com o australiano Drowning the Light (banda de que eu não gosto) e a compilação, até agora disponibilizada exclusivamente em tape, do material antigo do Dethroned Christ.
Permito-me encerrar, aqui, com uma sugestão ao Luiz Carlos de Oliveira, proprietário do selo: seria legal se fossem editados vinis limitados especiais dos seus principais lançamentos, assim como têm feito gravadoras estrangeiras (e, agora, até nacionais) que contam em seu cast com bandas potencialmente cult. Tenho absoluta certeza de que muitos colecionadores, no Brasil e lá fora, haveriam de se interessar pelo material.

2 comentários:

  1. Saudaçoes !
    Perfeito o comentario sobre as 3 primeiras demos do Asaradel , e realmente fui bastante infeliz quando aderi o estilo gótico á banda , não que esteja arrependido , mas , de ter continuado com o nome da banda , seria mais justo se tivesse trocado o nome , porem , eu era bem mais jovem , aconteçeu a invasão black metal Norueguesa , e acabei mudando o direçionamento sonoro , quis sim experimentar novos rumos , sempre fui muito apreciador de gótico , mas , errei .
    A razão desta mensagem é deixar um aviso - aceitei o desafio de retornar o Asaradel e criar um material raíz , por que eu tambem imaginei muitas vezes um album completo , e a Hammer of damnation está apoiando essa ideia , então é questão de pouco tempo para que um lançamento seja executado , e pra mim esse retorno é uma questão de honra , por que eu até entendo que pensem que foi modismo , eu tambem pensaria da mesma forma , mas foi falta de experiencia aquela transição musical toda , mesmo por que fui o unico integrante original que prosseguiu com a banda , e com a vinda de novos integrantes acabou acontecendo tudo muito naturalmente . Espero "limpar " o nome Asaradel e mergulhar profundamente no espirito daquela época . Hail !
    Silenzio

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    1. Salve!
      Como fanático pelo cenário black/death/doom brasilieiro de final dos oitenta, início dos noventa, folgo em saber que o grande Asaradel está de volta. E, o que é mais importante, com a proposta de tocar aquele som sagrado das velhas demos. Desejo sorte nessa nova fase da banda e já prometo, desde logo, resenhar o disco vindouro aqui mesmo neste blogue.

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