quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Objeto de la Obscuridad festival - SP 08/11/13

No próximo dia oito de novembro, os paulistanos terão o privilégio de assistirem a três das mais importantes bandas da incrível cena black/death chilena: Wrathprayer (debut vinil recentemente lançado pela cult NWN!, dos EUA), Hades Archer e Force of Darkness. Se tivesse sabido antes desses shows, teria antecipado minha ida a SP, para onde viajo nesse dia dez com vistas a cobrir a terceira edição do Brazilian Ritual.
Quem curte metal extremo não pode deixar de comparecer!



PS: As bandas brasileiras eu não conheço. A conferir.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Desolator "Unearthly Monument"

Já andava de olho nesse sueco Desolator desde o lançamento, em 2011, do seu primeiro registro em cd, o excelente split com a banda grega Resurgency, editado pelo selo Hellthrasher Productions, da Polônia. Agora, neste ano de 2013, seu debut full lenght, intitulado Unearthly Monument, vem a lume, novamente pelas mãos daquela boa gravadora polonesa.
Assim como no split, o Desolator detona um ortodoxo old school death metal, muito bem composto e executado, no qual dá para ouvir toques - toques, não chupações descaradas - de formações icônicas da velha guarda do metal da morte, tipo Cancer, Obituary, Death, Massacre, Malevolent Creation, Bolt Thrower (fase Warmaster em diante) e Incubus (dos irmãos Howard). Vale dizer, velocidade não é uma obsessão para o Desolator, embora ela também esteja presente, mas o peso - o que há de partes cadenciadas feitas sob medida para bater cabeça aqui é um negócio realmente sério. Os andamentos são de meio-tempo ou um pouco mais acelerados, raramente havendo blast beats. Aliás, isso não é surpresa alguma, uma vez que a onipresença de blast beats é característica marcante das bandas de death noventistas, não das que têm raízes mais oitentistas, como é a onda do Desolator.
Meus destaques vão para os ótimos riffs, que se alternam entre rápidos e lentos com extrema eficiência, a bateria simples mas criativa, que nunca soa "inventiva" demais, e as bem sacadas transições. Meu amigo, as transições merecem uma palavra em especial. Com efeito, elas soam tão naturais que passam ao ouvinte aquela impressão (obviamente irreal) de que seriam as únicas soluções possíveis para a música. Esse caráter "redondo" das composições mostra o profissionalismo dos caras. Só mesmo muito ensaio e contínuo trabalho em cima das músicas permite chegar a esse nível de excelência. 
Todas as músicas do play são muito boas. Durante a audição, elas se sucedem com tamanha facilidade que fica até difícil apontar uma em particular. Mas vou de Bludgeoned, Beaten and Berated, dotada de uma cadência que praticamente te faz bater a cabeça sem nem dar-se conta, Feeding Frenzy, com sua harmonia de swedeath e seus pesados riffs à Death (antigo), e da empolgante Desolated, na qual as influências de deaththrash oitentista falam mais alto, na forma de riffs na linha do sensacional, mas hoje infelizmente pouco lembrado e reconhecido, Incubus (dos irmãos Howard).
Só para dizer que não tenho nada além de elogios, a produção, para o meu gosto, poderia ser um pouco mais suja e oitentista, como foi no split. Os vocais bem guturais também não têm nada demais, mas casam bem, reconheça-se, com o som da banda. Contudo, nada disso realmente é capaz de comprometer o som dos suecos.  
Música altamente madura, de quem não está interessado em pagar de o mais radical do underground, mas em fazer um death metal de altíssima qualidade.


O pessoal do Desolator no figurino clássico do death de início dos 90


O ótimo split cd com o Resurgency, da Grécia

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Nihil Domination "Sado Perverser Goat Insulter"

Com a recente proliferação de bandas de war black metal, multiplicaram-se, igualmente, os seus subestilos. Uma das variações do gênero que está se consolidando de forma mais contundente hoje em dia é o que se poderia denominar de "proto war black metal". Isto é, bandas atuais que vão buscar nas remotas raízes oitentistas do estilo as influências para o seu som. Vale dizer, os sempre imitados Blasphemy e Beherit são deixados um pouco de lado, assim como todos os anos noventa, em favor de Sarcófago, Hellhammer, Sodom (dos dois primeiros vinis) e Bathory (do The Return). Em suma, death/black metal realmente das antigas. A América do Sul é particularmente pródiga em bandas nessa linha. Aliás, por mais que tenhamos ótimas bandas de metal em diversos estilos, deve-se reconhecer que fazer um som cru, sujo, direto, maldito, demoníaco e casca-grossa sempre foi nossa especialidade.
O Nihil Domination, fundado em 2003 em Guaiaquil, no Equador, faz jus à velha tradição sul-americana. Até aqui, a história da banda havia se resumido a duas demos, lançadas nos anos de 2005 e 2007. Nenhuma das duas, diga-se de passagem, havia impressionado muito. Jehovah's Desecration, a primeira delas, até tinha suas virtudes, embora sofresse com uma produção realmente muito ruim. Nela, a banda se mostrava num meio caminho entre o death metal old school (fortemente influenciado por Deicide, de quem, inclusive, registraram um cover) e um war black agressivamente primitivo.
Nesse seu debut cd (de curta duração), gravado em 2010 e lançado pelo selo Deathrash Armageddon, do Japão, o Nihil Domination está diferente. E para melhor. Com efeito, a banda soa mais madura e com uma proposta musical mais consistente. O que se ouve aqui é um war black bem ortodoxo e muito legal, realmente bem superior ao que fora registrado em suas demos. De fato, embora não trilhem exclusivamente o caminho dos anos oitenta, os equatorianos não se furtam de beber, orgulhosamente, na fonte do velho deathcore satânico sul-americano. É verdade que o Nihil Domination é um pouco menos retrô do que outras formações contemporâneas de nosso continente, como o Anal Vomit e o Goat Penis (do Peru) e o Infernal Curse (da Argentina), já que seu som também agrega doses de war black noventista. Mas nada que o deixe com a cara moderna. Longe disso! Até porque a produção desse obsceno Sado Perverser Goat Insulter é totalmente podre e abafada, bem como se fazia na América do Sul, especialmente em Belo Horizonte, na década de oitenta.
Deveras, o que se ouve nesse primeiro full lenght dos equatorianos (também lançado em vinil pela NWN! e em tape pela Black Goat Terrorist 666) é um som tirado lá do fundo do baú. Sarcófago, do I.N.R.I., é a principal referência: da bateria metralhada, passando pelos riffs angulosos e chegando até o vocal cheio de efeitos e variações. Um pouco de Black Witchery (nas cordas) e outro tanto de Blasphemy (os solos lembram muito o velho Caller of the Storms) também é fácil de se notar no som dos caras. Em muitos momentos, uma empolgante levada punk de bateria, à Impaled Nazarene do clássico Tol Cormpt Norz Norz Norz..., aparece para dar um molho especial ao som. Ouça-se, por exemplo, a simpática Raped Jesus Christ, em que uma batida inquestionavelmente crust serve de apoio para uma enxurrada de riffs sarcofágicos vomitada de forma inclemente pela guitarra. Verdadeiramente demolidor! Outra faixa marcante é a singela Nuclear Explosion in the Vagina of the Virgin Mary (Abortion), dotada de insanos vocais reminiscentes de Wagner Antichrist (Sarcófago) e abissais fraseados death metal que lembram muito o tipo de rifferama usado por bandas como o americano Black Witchery. Para fechar o play há um rude cover de Christ's Death, do Sarcófago, tocado em versão quase noise.
Um disco com sonoridade antiga, marcadamente sul-americano, absolutamente esporrento, cru e ofensivo, especialmente indicado àqueles que curtem, como eu, o lado mais primitivo do war black metal.


O guitarrista e vocalista Blasphemous?
Lembra-me o Angelripper nas fotos promocionais do primeiro ep do Sodom

O encapetado e macarrônico logo do Nihil Domination

PS. O guitarrista/vocalista Blasphemous (aka Guillermo Garcez Lecaro) é o proprietário da cult demo label Black Goat Terrorist 666. Recomendo fortemente os títulos desse selo, que é especializado em obscuridades na linha war black e black/death metal, já tendo lançado, inclusive, vários outros tapes e split tapes mais recentes do próprio Nihil Domination.

sábado, 12 de outubro de 2013

Sarcófago - relançamentos em vinil

Há algumas bandas (não muitas) das quais eu não me canso de comprar reedições em vinil. Uma delas é o Sarcófago. A importância da trupe de Wagner "Antichrist" Lamounier para o underground dispensa demonstração. É auto-evidente. No black/death metal oitentista, só o Blasphemy (e, em certo sentido, o Bathory) seja talvez capaz de fazer-lhe frente. Finalmente, na onda dos relançamentos em vinil, chegou a vez de os iconoclastas mineiros ganharem novas edições de seus álbuns clássicos naquele velho e consagrado formato.
É bem verdade que a primeira reedição do I.N.R.I. (debut do Sarcófago) em bolachona - nesse caso, em picture disc - já conta com alguns anos. Lançada em versões limitadas standard e die-hard, essa primeira reedição, datada de 2004, foi resultado de parceria entre a Cogumelo e a cult gravadora americana Nuclear War Now!. A versão die-hard já está esgotada há muito. Já a versão standard, ainda é possível comprá-la (ou pelo menos era, até pouco tempo) na própria Cogumelo.
Recentemente, neste ano de 2013, a Greyhaze Records, empresa que hoje licencia os produtos da Cogumelo nos EUA, colocou no mercado uma nova edição do I.N.R.I. São duas as versões, ambas gatefolded. Uma, em vinil colorido laranja ou negro, reproduz a capa original do lp. Outra, em vinil azul ou negro, reproduz a capa da primeira edição em cd do disco, lançada no ano de 2002 (foto com definição bem melhor do que a original, registre-se). Saquem só:


Reedição com a capa original do lp de 1987

Reedição com a capa do cd de 1992

Coube à histórica gravadora francesa Osmose disponibilizar os outros dois títulos clássicos do Sarcófago: o mini lp Rotting, de 1989, e o lp The Laws of Scourge, de 1991. O Rotting conta com opções de vinil na cor verde escuro, vermelho splatter e no tradicional black wax. Já o The Laws conta com opções na cor vermelho splatter e black wax.

SARCOFAGO Rotting. Splatter Red Vinyl
Reedição do Rotting (vinil vermelho splatter),
com sua infame capa "a morte não poupa ninguém..."

SARCOFAGO The Laws of the Scourge. Red Vinyl
The Laws of Scourge , reedição em vinil vermelho -
o disco que fecha a fase clássica do Sarcófago

Além desses títulos, outro importante relançamento em vinil da Osmose, que também diz respeito ao Sarcófago, é a compilação Warfare Noise I. Originalmente editada pela Cogumelo no ano de 1986, a compilação apresentava ao mundo, pela primeira vez em vinil, além da gangue de W. Antichrist, DD Crazy e cia, o Holocausto, o Mutilator e o Chakal. Bandas que viriam a lançar seus hoje clássicos lps de estreia nos anos imediatamente seguintes. Esse caprichado relançamento duplo da Osmose - dotado de um encarte muito bacana e de várias bônus tiradas, aparentemente, da compilação The Lost Tapes of Cogumelo - conta com três opções de cores: branco, laranja e o tradicional negro. Confiram a versão com os vinis na cor laranja:

SARCOFAGO, CHAKAL, HOLOCAUSTO, MUTILATOR Warfare Noise Volume I. Orange Vinyls
Warfare Noise I - a mais importante compilação de metal brasileiro da história

Todos esses vinis estão disponíveis para venda e envio imediato nos sites da Greyhaze e da Osmose. Uma dica: quem não quiser comprar por site estrangeiro, a Cogumelo e a Battle Distro têm cópias para venda e pronta entrega. Foi, aliás, com a Battle que comprei meu vinil do I.N.R.I. na cor azul. Trata-se, sem dúvida, de itens de aquisição compulsória para os colecionadores de black/death metal da velha escola.


PS. Na Metal Archives consta que a primeira reedição do I.N.R.I. teria sido feita pelo selo brasileiro Hate Storm em 2001, já com a capa que seria usada posteriormente na edição em cd de 2002. Nunca vi esse vinil da Hate Storm. Se alguém conhece ou tem uma cópia, por favor, me confirme a existência.
PS 2. No site da Cogumelo anuncia-se para breve o relançamento, em vinil, dos álbuns clássicos do Sarcófago, ao que parece, em versões nacionais. Não sei se terão algo a ver com esses relançamentos da Greyhaze e da Osmose. É esperar para ver.