segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Festival Objeto de la Obscuridad - resenha dos shows II

Hades Archer: chilean satanic black/death kult!
Em seguida entrou em cena a primeira banda chilena, o Hades Archer. O som dos caras é bem original, transitando entre o thrash extremo, o death e, principalmente, o black metal. Na verdade, é um pouco artificial dizer que eles “transitam” por esses estilos, já que o som da banda é rigorosamente old school e oitentista, ou seja, bebe numa tradição em que essas distinções ou não fazem muito sentido ou são pouco esclarecedoras. Com efeito, não se cuida, aqui, daquele estridente black noventista na linha Dark Throne, mas de um black da velha guarda, no qual se agrega algo do velho Samael e daquelas antigas bandas clássicas da Grécia, nas partes lentas, Bathory dos primeiros discos e, mais do que tudo, Mortuary Drape, grupo do qual, inclusive, eles registraram uma boa cover (Primordial) no seu último full lenght. Várias músicas dos seus dois plays, For the Diabolical Ages (2011) e o excelente The Curse over Mankind (2012), constaram do set, com destaque para a lenta e climática Into the Black Mass, faixa do primeiro lp. Menção especial merece o vocalista, que tem ótima imposição vocal para o tipo de som que o Hades Archer leva. Um show muito bom que foi um pouco prejudicado, entretanto, pelo fato de a banda ter-se apresentado com apenas dois integrantes, sem baixista. Ainda assim, o duo conseguiu mostrar o poderio inquestionável de sua música.

Wrathprayer detonando o melhor show da noite
O Warthprayer, de Roncagua, foi a banda seguinte e, para mim, fez o melhor show da noite. Essa foi a segunda vez que tive a oportunidade de vê-lo, já que tinha assistido à sua apresentação no festival da NWN!, em Berlim, no fim do ano passado. Naquela ocasião ainda não conhecia o som da banda. Dessa vez foi diferente e pude avaliar melhor o show. O patamar de profissionalismo que, em pouco tempo, o Wrathprayer conseguiu atingir é de espantar. Fica mesmo difícil encontrar pontos negativos na performance dos caras. Agora como quarteto, o paredão sonoro que a banda constrói em estúdio fica ainda mais esmagador. Trata-se de um som soturno, pesado ao extremo, sufocante e incrivelmente mórbido. Como já havia notado quando fiz a resenha do seu disco de estreia e, até agora, seu único lp, The Sun of Moloch (2012), o americano Demoncy, da época do clássico Joined in Darkness, parece ser a referência mais próxima dos chilenos, embora esteja longe de servir-lhes como modelo. Música muito bem composta e executada com extrema fidelidade foi o que todos os presentes puderam testemunhar. Sem exagero, afirmo desde já que o Wrathprayer faz parte da elite do atual black/death metal mundial. Forte indicio desse sucesso foi sua presença, repita-se, no importante festival da NWN! e sua anunciada participação no próximo Maryland Deathfest, atualmente o melhor e mais prestigiado deathfest dos EUA. Realmente uma banda de nível superior.

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